quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Envelheço na Cidade

Nas bancas as Dietas de vida, são vendidas como pão diário, chamadas "Auto Ajuda". Pela janela do ônibus, carro, metrô escritório e motel, estranhos conhecidos se olham e ao mesmo tempo compadecem-se por sua mútua solidão.

Ali encostada numa parede uma senhora vende rosas, cor de rosa e se não fosse pelo pleonasmo ela pouca diferença faria para qualquer um. Um motorista que canta as canções de um destino que não seguiu, que não pode seguir. Aplausos no meio de condução.

Um senhor tic nervoso, que toma rápido uma média e manipula freneticamente seu celular a espera de algo, que ele nunca saberá o que é.

Um garoto, que anota em um bloco de capa preta, à caneta todos os estímulos que seus sentidos podem captar e o que não tem sentido também. Frio e vento, solidão e retiro, tudo ao redor está envelhecendo, enferrujando e distorcendo, a sua própria visão se distorceu. Nem alegre nem triste, nem pessimista ou idealista, o garoto queria ser como o vento, ser sem aparecer.